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Germana Zanettini

É poeta, editora e tradutora. Seu livro de estreia, Eletrocardiodrama (Laranja Original), recebeu o Prêmio Academia Rio-Grandense de Letras como melhor livro de poesia de 2017. Tem diversas participações em antologias e revistas literárias. Poucos dias antes da cidade de São Paulo decretar quarentena, apresentou seus poemas no show Instrumental Poesia, no Sesc Avenida Paulista, acompanhada de uma banda de rock.


Pela GÊNIO EDITORIAL, participou da coletânea Das coisas que perdemos quando você desistiu.

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Se ele não a amasse, teria lhe feito um filho? Agora havia a criança, uma vida para cuidar sugando tudo o que tinha, as vísceras de seu próprio ventre, sangue dela e dele unidos para sempre num só organismo, o que poderia querer além daquilo? Ela seria a mãe mais dedicada que já houvera, bem diferente dos pais dele que certamente haviam lhe negligenciado afeto, por isso era tão contido, tinha que ser esse o motivo, tinha certeza. Nunca uma declaração, nunca um eu também te amo, apenas nos sonhos dela ele proferia tais palavras e ela despertava em pânico antes mesmo que ele pudesse concluir a frase, ou seria sentença, não lembrava mais das aulas de português, sentença era quando não tinha verbo? no princípio era o verbo, assim a criação do mundo, então por que nunca suas preces respondidas, por que sempre o insondável silêncio do criador?

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