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A favela na imprensa carioca: da redemocratização às upps

Cria da Maré, jornalista, ativista da comunicação popular e pesquisadora acadêmica como eu, a Professora Dra. Carla Baiense Félix tem feito do seu trabalho um relevante instrumento de produção de  conhecimento  voltado para a  transformação  da  sociedade. Das suas inquietações, nascidas da  própria  vivência, nascem perguntas e investigações que, por fim, contribuem, sobretudo, para se pensar sobre os modos como são engendradas e consolidadas no nosso cotidiano as opressões de raça, gênero e classe, especialmente no modo como afetam a juventude. Neste seu novo livro, Carla emprega  a  sua experiência na  imprensa  comercial  e  na comunicação popular para analisar como as narrativas sobre a favela se transformaram ao longo do tempo. São 26 anos de história, contados em mais de duas mil reportagens, recolhidas em O Globo e no Jornal do Brasil. A abordagem varia de tom, ao longo do tempo, desde a piedade até a criminalização do povo favelado.
A pesquisa contempla de 1984, ano da campanha pelas Diretas Já, a 2010, época da implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). A análise mostra como as  narrativas  gradativamente reduziram as discussões sobre a favela a uma questão de polícia. A partir dos anos 1990, a expressão “Guerra do Rio” se tornou um recurso narrativo para descrever os episódios de violência que ocorriam nas favelas. Desse modo, restringiu-se ainda mais o debate sobre esses territórios e sobre as reinvindicações dos seus habitantes por moradia, saúde e educação, entre outras necessidades.
Num momento em que os movimentos de favela ganham mais visibilidade e produzem contra narrativas que disputam os sentidos sobre esses espaços, é essencial refletir sobre o papel da imprensa no debate público sobre os direitos fundamentais dos seus mais de 16 milhões de moradores. Essa pesquisa nos traz um ponto de partida para essa discussão.
Eis um livro que cria a oportunidade de pautar, a partir da reflexão, uma melhor compreensão sobre como se constroem certos estereótipos sobre a favela e as pessoas que nela vivem, de modo a permitir o estudo dos meios para desconstruí-los. A investigação de Carla mostra que, sim, outro jornalismo é necessário e possível.

Renata Souza

A favela na imprensa carioca: da redemocratização às upps

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